Estava fazendo geleia de amoras para minha refeição matinal após ter meditado.
Pegava um prato de porcelana branca do meu armário quando lancei meu olhar pela janela e pude contemplar a magnitude daquele nascer do sol por trás das montanhas, com nuvens rosadas, lilases e um toque suavemente dourado.
Pegava um prato de porcelana branca do meu armário quando lancei meu olhar pela janela e pude contemplar a magnitude daquele nascer do sol por trás das montanhas, com nuvens rosadas, lilases e um toque suavemente dourado.
Respirei fundo aquela energia pura carregada de vitalidade que entrava pela minha janela trazendo uma brisa suave que balançava minhas alvas e leves cortinas. Esse ar ainda úmido do orvalho noturno aos poucos tomou conta de toda a minha cozinha e então pensei:
"Parece uma pintura! Que Divino! Que bom que o Destino me colocou aqui..."
Neste momento o vento soprou mais forte ao ouvido. Fui ver à porta... Lá estava ele. Altivo... ainda não aparentando sua verdadeira idade, mas já com alguns fios brancos a amostra. Como sempre muito educado e formal. Desta vez carregava uma mala menor e uma capa laranja no braço direito. Como era grossa deduzi que vinha de um lugar muito frio. Afinal, nesta época do ano é comum nevar em muitos países. "Parece uma pintura! Que Divino! Que bom que o Destino me colocou aqui..."
Entramos sem demora. Como sempre Deni (já me dava o direito da informalidade) preferiu ficar ali mesmo na cozinha. Sentou-se no mesmo lugar de sempre. Tomamos a refeição matinal juntos. Adorou a geleia! Que por acaso era a sua favorita. Ao finalizarmos trouxe-lhe o chá (casca de laranja com canela e mel). Virando as cadeiras para fora da mesa, frente a frente, de canecas nas mãos, levando sua cadeira para trás - como uma cadeira de balanço - Mister Deni Sto começou a falar:
Você sabe minha cara, o destino é construído como reação as ações de um passado longínquo que equivale ao primeiro sopro de vida em nossa alma nesse mundo. Não somos o que somos, nem vivenciamos o que vivenciamos apenas por nossa vida presente, e sim por toda uma história vivida por tanto tempo que nossa mente nem consegue alcançar. Só assim de posse deste conhecimento poderei me apresentar e dizer quem sou na verdade.
Afinal nascemos dentro de determinada constituição astrológica porque nossa alma evoluiu até este ponto e assim o necessita.
Se todos experimentam a impressão de que há uma energia da qual não temos controle regendo nossas vidas, traçando nosso destino, ela é real, porém não é fatalista, só a percebemos assim porque ser uma energia que mora nos recondidos de nosso inconsciente mais profundo. Há minha querida...(pausa) Olhando para a caneca de chá como se fitasse algo ainda mais distante."
Então depois de algum tempo pela primeira vez me veio a fala..."Tome seu chá Mister D. Fiquemos felizes! Pois sabemos onde se encontra o nosso Destino." (Risos soltos no ar) Bebeu do chá e sorrindo olhou pela janela recostando-se na cadeira.
E o vento balançou as cortinas...