segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Uma Dose de Realidade


Unf!
A Realidade da Vida...Tão dura, penosa e sem graça...
Nos faz sentir sempre uma pequena traça. Que tem que se esconder para poder sobreviver...
Ai que desgosto que saco! Parece que estou num buraco, com um fundo bem escuro, habitado por ratos.
Ó vida! Ó azar já diria Hardi a hiena depressiva a reclamar...

Sim queridos só poderia ser ela a me visitar. Sempre chega assim sem avisar. Com seus sapatos lamassentos, cinzentos, bolorentos;

Sua capa negra retalhada, suja, molhada;

Seus cabelos negros, oleósos, imundos;

Seu olhar moribundo, sombrio;
 Sua pele cor de cera, vazia inespressiva...

Ai corrosiva criatura tú és!

Húmida, grudenta e malcheirosa, impregnada da essência mais dolósa, da característica mais demoníaca que a língua pode pronunciar...

Ui, Eca!

Detestável Depressão. É assim que és!

Nem pediu licença já foi entrando! Existe algo mais desumano?

A negação da gentileza e da boa educação?

(Logo hoje que decidi limpar meu porão!)

Estava lá, eu, em estado de graça, eliminando as traças, afastando os ratos e as baratas. Encantada com a suave luz que conseguia transpassar minha casa toda, iluminando, dentre todos os cômodos o mais profundo. Me deleitava ao perceber a magia de como esta bela luz, ainda que frágil, conseguia iluminar meu porão.

Mas, como já disse a realidade é inflexível.
Sem que eu suspeitasse entrou pela soleira e só quando um vento gélido me envolveu e como um arrepio na espinha em mim se fixou.

Ai que lástima!

Paralisei com a vassoura na mão...

Só pude pensar, nesse momento... NÃO!

O ar tornou-se pesado...Tudo ficou sombreado e minha casa, outrora tão clara, da mais densa escuridão se encheu.

PUTZ!

Nada mais se ouviu, nada mais se moveu, nem mesmo o meu gemido, que depois daquele momento, nem sequer nasceu.

Sem perspectiva de um novo ensaio, sem aumenos um pequeno raio para apontar a saída, fiquei alí esvaecida.

Pedindo desculpas nem sei de que na mais completa e escura desilusão me esqueci.

Só um pensamento ainda vibrara, num lampêjo, assim desesperado: Onde é que foi deixado, o jardim tão amado, da vida que construi pra mim?